"39 anos sobre o 25 de Abril, o artigo mantêm- se bastante atual"
Não existe qualquer dúvida,de que,trinta e um anos depois da Revolução de Abril, continuamos a ser um país muito especial.O Estado continua preso a hábitos antigos, furtando-se, sempre que pode,a muitas das suas responsabilidades coletivas, presentes na Constituição da Repúbica. Todos nós sabemos que há muitos direitos que nunca saem do papel.
Continuamos a ser um país sem uma política cultural ou desportiva abrangente, coordenada pelo governo central.Nota-se um enorme vazio na formação cultural e artística da nossa juventude, e claro na formação desportiva.
Os nossos campeões desportivos e as principais figuras do mundo da artes,continuam a surgir quase por mero acaso entre nós.Os milhares de clubes desportivos e associações recreativas, espalhadas de Norte a Sul, continuam a ser os principais subtitutos do Estado enquanto a educadores,com as suas escolas de música, canto, ginástica, natação, judo,etc.. Tal como acontecia nos tempos de Salazar e marcelismo.
A única coisa que mudou com a Revolução de Abril, foi a forma como o trabalho realizado nas coletividades começou a ser encarado, e apoiado, pelas Autarquias Locais.
Durante a ditadura os dirigentes das coletividades eram forçados a usar a imaginação para conseguirem angariar as receitas necessárias para a sua subsistência, tendo nos bailes e respectivos bufetes, a principal fonte de financiamento e de diversão dos seus associados e amigos. Normalmente estavam cheios de gente, porque a oferta recreativa era muito mais escassa, num tempo em que quase não se passava nada.
Hoje as coisas são muito diferentes. As pessoas não frequentam as coletividades como nesses tempo. A relação que existia quase que se inverteu, na atualidade são as associações que tem de inventar mil e uma iniciativas para chamarem os associados para junto de si. Como os bailes perderam o fulgor e deixaram de ter a importancia que tinham, tanto em termos sociais como económicos, arranjam-se outras formas de arranjar dinheiro necessário, como aulas de ginástica, e de outras actividades desportivas. Como por vezes se tornam insuficiente, as autarquias surgem como grande alicerce para fazer face à crise habitual.
Claro que esta dependênçia acaba por ter alguns efeitos perversos, fazendo com que existam alguns condicionalismos no dia a dia das coletividades.
Com o coadicionalismo ou não, o que é certo é que 80% das colectividades do concelho, actualmente, conseguiam sobreviver sem estes tipos de apoio, sendo forçadas a ter de fechar as portas. Ou seja, hoje o associativismo almadense - com raras excepções - não consegue subsistir sem a ajuda das Autarquias.
Não devem existir quaisquer ilusões, esta é a realidade actual.
"No entanto, entendo que não devem existir complexos nesta relação de dependência, porque as colectividades organizam uma série de actividades, que se não fossem organizadas por elas, pura e simplesmente não se realizavam, principalmente porque o Município não está vocacionado para realizar uma série de tarefas de cariz popular".
É preciso dizer que estes apoios não são dados a fundo perdido, existem sempre contrapartidas. Ou seja,quase todas as actividades que se realizam com o apoio autárquico, têm como principal objetivo, servir,formar,cultivar e recrear a população almadense e os seus visitantes.
"Ao contrário do que algumas pessoas pensam, e dizem, a Edilidade Almadense não dá qualquer esmola às coletividades do concelho. Quanto muito dá um forte apoio e incentivo às coletividades do concelho".Quanto muito dá um forte apoio e incentivo às actividades desenvolvidas pelos seu dirigentes. Quase sempre gente voluntariosa e completamente amadora, que desenvolve as suas actividades, apenas por carolice, pelo gosto de trabalhar para o coletivo,de fazer coisas que gosta, servindo a comunidade onde estão inseridos.Era desejável que as coisas funcionassem de forma diferente?
Claro que era, mas no panorama actual não há possibilidade de se fazer associativismo sem o apoio das principais instituições publicas.Podem dizer que existem entidades privadas que também poderiam o movimento coletivo. Existir existem, não estão é muito interessadas em apoiar iniciativas que não lhe dêem a visibilidade e a publicidade que procuram para os seus negócio.
Infelizmente, enquanto o mecenado for encarado apenas como um negócio,pelos potenciais"mecenas", as coisas não irão mudar entre nós.
Por:Luís Milheiro
Nota:
Ao trazer para a praça publica este artigo, que o mesmo desperte consciências sobre a realidade do movimento associativismo do concelho de Almada e também um alerta para os responsáveis autarcas,para que olhem com olhos de ver a realidade das muitas coletividades.
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