"Em Almada e no País, o desporto parado. Uma visão para o seu relançamento"
"Em Almada e no País, o desporto parado. Uma visão para o seu relançamento"
Do "paraministro" Costa Silva à administração municipal de Almada,
a mesma falta de uma visão para o desporto.
Só que, Costa Silva, acolheu , na sequência da discussão pública sobre o
Programa para a Recuperação Económica, pareceres que foram no sentido de
incluir o Desporto nesse importante documento.
Será que no nosso concelho, a administração
municipal está disponível para ouvir os cidadãos. Está disponível para
auscultar os clubes, os seus dirigentes, os seus técnicos?
No Programa de recuperação económica para Portugal, o “paraministro” Costa
Silva, não considera que o desporto tenha qualquer relevância ao ponto de nem o
mencionar em todo o texto em que adianta os principais objetivos estratégicos
para o desenvolvimento do País.
Na discussão pública registaram-se vários
contributos. Dois deles convenceram Costa Silva:
- um programa de reabilitação de instalações
desportivas de base local.
O se número é exatamente 32 754
- a promoção da marca "Portugal no Desporto
" tornando o País um destino pata o turismo desportivo com enfoque nos
desportos náuticos e promovendo os 14 Centros de Alto Rendimento desportivo
existentes.
Em Portugal temos uma gigantesca rede de equipamentos para as práticas
associativas desportivas e/ou culturais, a maioria delas a necessitar de
importantes investimentos em ações de restauro profundo e alteração tipológica,
no sentido de as preparar para se ajustarem às exigências das novas práticas.
Articulada com um programa de financiamento efetivo
das associações com vista à criação de mais e melhores respostas ás
necessidades das populações, esta medida – um programa de reabilitação de
instalações desportivas de base local – permitiria a dinamização de um segmento
intermédio de construção e o crescimento exponencial da oferta e da procura
desportiva, com a consequente aumento da taxa de participação desportiva dos
portugueses, a elevação dos seus níveis de saúde e a consequente diminuição da
pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.
O paraministro, Costa Silva incorpora esta referência ao desporto no documento que vai balizar o desenvolvimento nacional até 2030. Esperamos agora que fará António Costa e o seu governo. |
Alertado pelos portugueses, Costa Silva incorpora
esta referência ao desporto no documento que vai balizar o desenvolvimento
nacional até 2030. Esperamos agora que António Costa e o seu Governo – onde o
Desporto não tem tido, até aqui, qualquer peso político significativo –
incorpore agora, em programas específicos de financiamento ao desporto e aos
clubes portugueses.
Em Almada, o governo municipal, por razões que não vêm ao caso discutir agora, não têm dispensado ao desporto concelhio qualquer prioridade minimamente mensurável. Como no País, em Almada, o desporto não tem tido, até aqui, qualquer peso político na governação municipal. Veja-se, de entre vários outros exemplos, o incompreensível corte de 50 % nos valores dos programas de fomento do desporto juvenil (Programa Escolinhas do desporto), a brutal quebra dos apoios concedidos para obras de beneficiação, conservação e construção de novas instalações desportivas, a partir de 2017.
Ora, é fundamental que a grande rede de infra
estruturas desportivas do concelho – das quase 150 coletividades,
aproximadamente uma centena são equipamentos que recebem atividade desportiva –
seja objeto de um programa municipal que contemple a recuperação,
refuncionalização de equipamentos, com modernização das tipologias e que,
articulado com a expansão dos programas de fomento da atividade exercício
físico e do desporto, em parceria com os clubes e tendo estes como agentes
principais de desenvolvimento desportivo, permita ampliar largamente as atuais
taxas de prática desportiva. Lembremos que o País tem uma taxa de praticantes
de 27 %, Almada tem 37 %, mas a Europa central, aceite como uma referência
possível de alcançar, a prazo, tem à volta de 60/70 % (Europa nórdica tem 80 %
de praticantes).
Para alcançar esta dinamização – modernização das
infraestruturas desportivas do concelho em relação com o aumento expressivo do
número de praticantes desportivos – é fundamental contar com equipas técnicas
de dimensão adequada e dotadas de forte capacitação técnica.
Costa Silva refere, para o País, o quanto é “crucial” a aposta na formação em
todas as áreas de desenvolvimento embora, por razões que se compreendem,
coloque à cabeça a área da transição digital. Não refere, mas acredito que o
pressupõe que, num programa de dinamização da área desportiva, é “fundamental”
a existência de bons níveis de capacitação para mais diversas áreas
desportivas.
Ora, é dado conhecido que, em Almada, temos um bom
nível geral de qualificação dos recursos humanos na área da educação física e
do desporto. Temo-los nas escolas, nos clubes, nas autarquias.
Temos, pois, garantida uma condição fundamental de
desenvolvimento. Temos técnicos e treinadores. Bons. Temos também dirigentes
associativos, com uma entrega e uma dedicação aos seus clubes, que consideramos
uma mais valia significativa no “sistema desportivo almadense”.
Imagem aquando da comemoração dos 20 anos da Pista Municipal de Almada, com o vice-presidente da autarquia, João Couvaneiro, ladeado pelos vereadores António Matos e Joaquim Judas |
Temos, então, que resolver o problema do modelo de
financiamento aos clubes. E esta dimensão, em Almada, não é o problema
principal. Há robustez financeira no governo municipal, há um caminho feito,
caminho onde se podem e devem introduzir as reorientações estratégicas que se
considerarem necessárias, temos massa crítica no sistema desportivo e também no
sistema educativo, onde um amplo grupo de profissionais de educação física
também pode ser chamado a dar contributos para um futuro mais sustentável do
desporto em Almada.
Não percamos tempo. Ao debate. Para já participemos
no debate em curso, contribuindo para elaborar um RAP – Regulamento de Apoios
Públicos, cuja discussão pública está a dias do seu términus.
Todos não somos de mais para encontrar as melhores
soluções para o desporto na nossa terra.
Diálogo e convergência, precisa-se.
Por: António Matos
Vereador da Câmara Municipal de Almada
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