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Se pretendermos que a arbitragem desempenhe uma função decisiva no desenvolvimento do desporto nacional,é necessário que os juízes desportivos participem de uma forma activa,responsável,critica e criativa nas diferentes acções e trabalhos das suas modalidades. A realização humana do árbitro no seio da sua modalidade passa por essa participação, o que pressupõe da sua parte um interesse em integrar-se nas actividades da modalidade.
Em nosso entender, a inserção do árbitro na sua modalidade é uma condição necessária ao desenvolvimento do desporto e um factor que pode contribuir significativamente para transformar o relacionamento do próprio árbitro com todas as outras personagens da competição e da prática desportiva em geral. O que se está a passar neste aspecto?
Os árbitros só estão próximos dos atletas, dos treinadores e dos dirigentes quando vão actuar nas competições.Ora,durante as competições, nos períodos que as antecedem e que lhes seguem, o relacionamento do juiz com os competidores é um relacionamento formal,que não admite uma a proximidade com os dirigentes, com os técnicos e com os atletas,posto que as interpretações erradas e de situações susceptíveis de o colocar em posições vulneráveis a criticas de má fé.
Para além desta proximidade nas competições, não se vive qualquer situação em que, na mesma modalidade, árbitros,treinadores, dirigentes e atletas se aproximem num relacionamento que os leve a tratar dos problemas comuns e a discutir as questões que interferem com a modalidade e que se cruzam na actividade especifica de cada um.
Acontece que o árbitro é a personagem desportiva que mais vive fora da modalidade e que só se relaciona com os árbitros e com os dirigentes da arbitragem. O árbitro tem sido, é, um exilado dentro da modalidade em que é juiz. Estranha contradição! O árbitro é um "emigrante" que anda de recinto em recinto para dirigir as competições e que fica isolado das outras realidades da sua modalidade e do desporto nacional.
O árbitro é muitas vezes um "fugitivo" que, depois de fazer cumprir as leis desportivas, tem de apelar para a protecção das que zelam pelo cumprimento das leis sociais.
Quem defende os árbitros? Quem deveria defender os árbitros? A defesa dos árbitros deverá ser uma responsabilidade de todos aqueles que, não dispensam a arbitragem para a realização das competições: a defesa do árbitro decorre do respeito pela arbitragem da parte daqueles que a exigem.
Nota: artigo que eu publiquei em meados da década de 90,no Jornal de Almada.
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